A documentação pedagógica surge da escuta e da observação, e implica na produção de registros ao longo do processo pedagógico: fotografias, vídeos, produções das crianças, narrativas do professor e planejamento são algumas possibilidades.
Mas o que fazer com todo esse material rico de informações?
A documentação tem como objetivos principais: acompanhar e tornar visível o processo de aprendizagem das crianças, a reflexão sobre este processo, a comunicação e projetar as ações futuras.
Para o professor, ao fazer a análise de todo o material registrado, ele faz também a análise de sua prática, estabelece uma relação entre pensamento e significado, amplia seu olhar e as possibilidades de sua atuação. Um ponto importante é fazer a análise deste material em grupo, os professores podem trocar informações e sugestões, múltiplos olhares sobre os documentos torna-os muito mais potentes.
Outra função importante da documentação é a comunicação:
Para o próprio professor e para a equipe escolar a documentação apresenta o processo de aprendizagem (individual e coletivo) dando a oportunidade de (re)ler estes processos, e de certa forma, confrontar teoria e prática, além de apresentar e compartilhar com a equipe escolar o trabalho do professor;
Para as próprias crianças. A documentação oportuniza para as crianças relembrar o que foi vivido para consolidar as aprendizagens e relacioná-las com outros conhecimentos construídos, é uma maneira de conhecer e reconhecer-se, é uma forma de autoavaliação. O professor pode utilizar painéis, cartazes, portfólios, álbuns, pastas, totens, etc. As crianças adoram ver-se nas fotos, reconhecer os locais, os objetos e os colegas! Ao preparar com cuidado e intenção essa documentação, o professor passa para o grupo a mensagem de que as experiências foram positivas e convida todos a continuarem no processo;
Para as famílias. Dar a oportunidade das famílias de contar o que as crianças dizem, das descobertas, observar como ocorre os processos de aprendizagem das crianças, sem valorizar apenas os produtos finais, e para conhecer melhor o seu filho ou filha. É uma ocasião para se sentirem participantes dos acontecimentos que surgem no ambiente escolar, sobre o qual eles podem comentar e debater e assim estreitar as relações e construir um processo de confiança recíproca.
A escola poderá expor de forma sistemática e estética (através de escritos, imagens, painéis, vídeos, palavras de crianças, produtos gráficos) de processos educacionais. Não se trata apenas de traduzir o que ocorreu, mas para construir, em diversos formatos e linguagens um produto público que dá conta do que foi vivido. Esta documentação poder ser fixada nas paredes da escola, apresentada nas reuniões de pais, nas mídias sociais (desde que haja autorização de imagem das crianças) etc.
Para conhecer mais:
O termo “Documentação Pedagógica” surgiu a partir do trabalho realizado pelas Escolas de Infância de Reggio Emília, em um cenário de pós- Segunda Guerra Mundial, sob o olhar e ideais do pedagogo Loris Malaguzzi, que tinha a intenção de mostrar uma abordagem pedagógica voltada para a criança como protagonista na construção do seu conhecimento.
Surgiu a partir das escolas de educação infantil, mas hoje, a documentação pedagógica, é uma abordagem que cabe para todas as etapas da educação básica, pois, “perguntar-se sobre as demandas da prática pedagógica, da ação docente e sobre as crianças, gera a produção de um conhecimento dinâmico e atualizado” (FOCHI, 2015, p.149). E para Malaguzzi (2001) “é uma atitude ética para tornar visível a competência das crianças e, ao mesmo tempo, de tornar pública a importância da instituição e de seus profissionais para os meninos e as meninas.”
Por isso, temos a certeza de que Documentar é pertinente e possível para todas as etapas da educação!
Sugestões:
Um vídeo de Paulo Fochi, um estudioso sobre documentação pedagógica, disponível em:
LIVRO: Documentação Pedagógica e Avaliação na Educação Infantil: Um Caminho para a Transformação
‘Documentação pedagógica e avaliação na educação infantil: um caminho para a transformação’ estabelece uma nova abordagem – democrática e participativa – para a documentação e avaliação da/na educação infantil. Para isso, oferece uma base teórica e metodológica clara e um conjunto de técnicas práticas. Estruturada em três partes – Contexto e princípios, abordagens e técnicas e estudos de caso –, a obra mostra como a documentação e os portfólios podem ser uma modalidade ética para conduzir a documentação e avaliação. A terceira parte apresenta estudos de caso de três diferentes países que ilustram as teorias, os princípios e as técnicas apresentados ao longo do livro.
