Dicas Didáticas Escola Presente

Um novo tempo

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Escrito por Educação

No cenário em que estamos, é urgente pensarmos a educação para além do processo de escolarização. Segundo John Dewey, “educação é processo, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, mas a própria vida”, portanto, torna-se fundamental reconhecer o contexto em que estamos vivendo e trabalhando enquanto educadores ampliando as possibilidades em alcançar todos os alunos, para que se mantenham em um movimento de aprendizagem e de desenvolvimento, com a parceria das famílias, que sempre é importante, mas neste momento está sendo fundamental para implementar muitas ações.

A educação como uma atividade essencialmente presencial, com interação social, entre todos os integrantes da comunidade escolar, está se vendo neste momento distante, em isolamento social, com várias possibilidades de trabalho educacional remoto, mas com uma série de dúvidas, dificuldades e preocupações, principalmente em mantermos os alunos em aprendizagem e desenvolvimento com significado.

A utilização das tecnologias digitais de informação e comunicação não são possibilidades ruins no processo de aprendizagem e desenvolvimento neste momento, contudo, há de haver método, critérios, intencionalidade, complementaridade e estrutura para que sejam utilizadas, do contrário, seu uso não servirá para uma expansão das possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento. Os critérios e cuidados também são exigidos para os alunos que não possuem tecnologias digitais de informação e comunicação, mas que recebem materiais impressos com propostas a serem desenvolvidas em casa, sem a mediação de um professor.

Não sabemos ainda quando as escolas retornarão ao seu funcionamento presencial, o que podemos afirmar é, que seu retorno não será completo e normal, como antes desta pandemia, por isso, estes cuidados, estas metodologias e critérios permanecerão, e certamente mudará para sempre os “modos” de fazer educação e de nos comunicarmos com as famílias.

Nesse sentido, a escola poderá manter vínculos com a comunidade educativa, promovendo momentos de troca, de integração e de apoio conforme suas possibilidades e considerando a disponibilidade de cada família, mas não sob uma perspectiva conteudista, voltada a resultados, à produtividade, como se as “disciplinas” e os conteúdos escolares fossem o mais importante do processo.

Estamos vendo e vivendo que, a aquisição de conhecimento isolado da socialização, da inclusão, da solidariedade, da diversidade, do contexto, da humanização, sem perspectiva crítica de mundo, não tem sentido, ele “morre” nele mesmo, pois, é função da educação a promoção de novas perspectivas, dos papéis sociais, sempre atrelado à construção do conhecimento.

Sendo assim, há muita aprendizagem no contexto que vivemos. Estamos aprendendo sobre nós mesmos, sobre as relações sociais, familiares, a necessidade do cuidado coletivo e do cuidado com a saúde. São aprendizagens significativas que deverão contribuir para ressignificar o papel da escola.

PARA ENCANTAR, E REFLETIR:

Dica de Filme – O Carteiro e o Poeta: a poesia como elemento de transformação social e política
Filme narra não só a vida de Neruda no exílio, mas a relação que ele estabelece com o carteiro e como transforma a vida de um homem simples de forma afetiva, social e política.

O CARTEIRO E O POETA
(Il Postino, Itália, 1994)
Direção: Michael Radford
Drama / Comédia
108 minutos
Premiações:
– Oscar: Trilha sonora.
– Indicação ao Oscar: Filme, Diretor, Roteiro adaptado, Ator (Massimo Troisi).
– Bafta: Filme em língua estrangeira, Diretor, Trilha sonora.
– David di Donatello: Montagem.

Até que ponto a poesia transforma a realidade de nossas vidas e do mundo?

Inseridos num mundo cada vez mais técnico, burocrático, fast-food, a poesia é tratada como algo muito distante da realidade, coisa de lunáticos, de pessoas que buscam o escapismo por meio de traços com letras carregados de significados.

Mas a verdade é que a poesia exerce um poder transformador nas pessoas. É válido lembrar que poesia, ao contrário do que se cristalizou no imaginário coletivo, não trata apenas sobre o amor, o belo, o sublime. Esta é uma visão reducionista.

A poesia, contextualizada num universo maior, o da Literatura, das Artes e da vida, não é um elemento fora da realidade, ao contrário, reflete-a, analisa-a, condensa-a, questiona-a.

E ninguém é a mesma pessoa, não compreende o mundo da mesma forma após se deparar com grandes obras. A arte, em síntese, não é perfumaria, mas também instrumento de compreensão social, em sentido amplo.

Nesse sentindo em que, ao contrário do que pensam os pragmáticos, a cultura tem o poder de gerar sonhos, a arte tem um poder transformador. “O Carteiro e o Poeta” não se resume à vida de Neruda no exílio, mas sim a relação que ele estabelece com o carteiro, e como o conhecimento transmitido é capaz de transformar a vida de um homem simples, que aspira compreender o mundo além de barcos, redes de pescar e os limites geográficos da pequena ilha.

Mário percebe o mundo com outros sentidos e conceitos. Engaja-se na oposição política, começa a compreender os abusos cometidos pelos poderes locais, a exploração dos pescadores, a manipulação das eleições, dentre outras questões.

O carteiro foi como uma árvore talhada em forma de canoa por Neruda. Depois da relação com o poeta, a alma de Mario não conseguiria, nunca mais, se relacionar e voltar ao mundo como árvore.

Depois de conhecer Neruda, já utilizava sua língua/Língua muito além de simplesmente selar cartas. O mundo, a partir do conhecimento, era objeto de estudo e questionamento.

E eis que as Artes transformam os homens e a sociedade. Não é desligada do mundo real, ao contrário, é totalmente ligada ao mundo, às pessoas, ao seu modo de vida, à alma e à história da humanidade.

O filme completo está disponível no YouTube no link abaixo

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