“O que estou te escrevendo não é para se ler – é para ser…
Vim te escrever. Quer dizer: Ser”
Clarice Lispector
Desde pequenos, somos apresentados aos diários. Cadernos ou cadernetas para narrativas íntimas e pessoais, geralmente escritos diariamente contendo experiências, pensamentos, emoções e sensações. Um instrumento que, ao ser escrito, torna-se um local de registro de momentos vividos e de memórias.
Trazendo esta ideia para a sala de aula, o Diário é mais um suporte e mais uma linguagem de registro para o professor se apropriar. Pode ser chamado de: Diário de aula, Diário de bordo ou Diário de campo, mas o princípio dele é o mesmo!
É um exercício vivo da linguagem escrita ou do desenho, possibilitando diferentes modos de ver a aula e a vida, registrar suas observações, sempre reconhecendo-se como parte integrante do processo e sua trajetória com o grupo de crianças. É um instrumento onde o professor conversa consigo, faz anotações, encaminhamentos, avalia atividades realizadas e suas impressões coletadas durante a aula.
Para Zabalza (2004, p. 13), “é uma forma de “distanciamento” reflexivo que nos permite ver em perspectiva nosso modo particular de atuar”, estes diários são a possibilidade de dar a conhecer o que o professor “expõe-explica-interpreta” sobre sua ação cotidiana. Zabalza ressalta também que, os “diários” não precisam ser uma atividade diária necessariamente, eles cumprem sua função mesmo que a periodicidade seja menor: Duas ou três vezes por semana, por exemplo, para que a narração seja mais representativa, o que é importante destacar é a necessidade em manter uma continuidade nas narrações.
Ao ler e (re)ler suas narrativas, o professor tem a oportunidade de articular o que foi planejado, a avaliação do vivido e planejar as ações futuras. Neste processo consegue também identificar os avanços das crianças de forma individual e coletiva.
Quando o educador registra, na verdade, não registra apenas a criança, mas seu conhecimento, sua visão de criança, seu conceito e sua ideia. Os registros são reveladores de concepções.
O diário de aula é um suporte de memória em que se realizam reflexões sistemáticas, onde o professor conversa consigo, faz anotações, encaminhamentos, avalia atividades realizadas, documenta o percurso de sua turma. Podemos dizer que o diário de aula é um documento com a história do grupo e os avanços do próprio professor, sendo um importante instrumento que compõe a Documentação Pedagógica.
Sugestão de leitura:
Diários de Aula – Um Instrumento de Pesquisa e Desenvolvimento Profissional
Editora: Grupo A Selo: Penso
Autor(es): Miguel A. Zabalza
O autor destaca, de forma reflexiva e com exemplos práticos, a importância da utilização dos diários tanto no processo de formação profissional como no de pesquisa e na qualificação da prática cotidiana.
Obs.: Este título está disponível na Biblioteca da Secretaria Municipal da Educação.
Este link traz uma matéria sobre a importância do diário para o professor, e ao final um trecho do diário de uma professora:
https://avisala.org.br/index.php/conteudo-por-edicoes/revista-avisala-01/diarios-de-campo-escrever