Segue até segunda-feira (17), a exposição “África: um continente de muitos conteúdos” como finalização do semestre do programa Mais Educação.
O projeto é da Secretaria da Educação de Franco da Rocha e a mostra segue no Centro de Vivência em Múltiplas Linguagens “Raimunda Assunção dos Santos”, no Complexo Hospitalar do Juquery.
O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9h às 11h e das 14h às 16h até o dia 17, sendo aberto aos alunos das escolas municipais (EMEBs).
O evento de abertura aconteceu na segunda-feira (10) e reuniu educadores da cidade e da região, além de renomados profissionais na área da Comunicação, História, entre outros.
O prefeito Kiko Celeguim destacou a importância do projeto Mais Educação para o município. “Sabemos que esse recurso aqui não melhorou a vida de ninguém. Só deu mais trabalho. Parabenizo vocês porque quando vocês assumem uma tarefa diferente na escola, eu sei que dá mais trabalho. O desafio é maior. Vocês se colocam em situações de conflito, de críticas, esse tipo de coisa. Então, quero parabenizar vocês todos por ter comprado esse projeto e ter feito com que ele crescesse nesse período. Da nossa parte, vamos fazer a gestão para que sobre algum recurso da Prefeitura para que a gente mantenha esses projetos todos”, disse o prefeito.
A coordenadora do programa, Andreia dos Santos de Jesus, agradeceu ao empenho de todos os envolvidos e ressaltou a dimensão do programa que permite que tanto o educador quanto o estudante aprendam sobre o tema desenvolvido.
Veja as imagens da abertura da exposição e do passeio de um dos grupos de crianças à Funarte, para as exposições Mãe Preta e Bestiário Nordestino.
Confira todos os detalhes da realização do trabalho, no texto abaixo:
Programa Mais Educação
por Secretaria da Educação
O Programa Mais Educação de Franco da Rocha, nos moldes em que vem sendo desenvolvido pela Secretaria de Educação, desde 2013, adota, anualmente, uma das temáticas previstas no currículo regular do Ensino Fundamental I do município para dar a ela um tratamento ampliado. Tal ampliação visa enriquecer os conhecimentos dos estudantes por meio de experiências culturais e sociais que dão fundamento e sustentação à leitura e compreensão dos textos e informações das diferentes disciplinas que compõem a formação escolar dessa etapa da educação básica.
A metodologia de trabalho desenhada para o programa, sob gestão e coordenação da assessora técnico-pedagógica Andréia dos Santos de Jesus, teve cuidado de ocupar-se das duas pontas do processo de formação escolar: professores e estudantes. Assim sendo, todos os processos que compõem o planejamento de atividades das aulas destinadas ao programa nas escolas são previamente experimentados, estudados e discutidos nos encontros formativos em que os professores trabalham sob a orientação de artistas e especialistas.
Para o ano de 2018, a temática escolhida foi a África. Por que razão?
Todos sabem que, desde 2003, tornou-se obrigatório o ensino da “história e cultura afro-brasileira” como parte dos currículos oficiais dos ensinos fundamental e médio, por meio da lei federal 10.639 promulgada em 9 de janeiro de 2003, a qual também estabelece que o calendário escolar deve reservar o dia 20 de novembro para a reflexão exclusiva das questões relativas à presença dos africanos e seus descendentes no Brasil: Dia da Consciência Negra.
Mas as razões que levaram a escolha do tema não passam pela obrigatoriedade, mas pelo fato de que o Programa Mais Educação de Franco da Rocha ocupa-se, desde o início, das três matrizes primárias de formação do povo brasileiro, seguindo os estudos desenvolvidos pelo antropólogo Darcy Ribeiro: a matriz indígena, a matriz europeia e a matriz africana.
Os profissionais que atuam nessa rede de ensino nos últimos cinco anos podem facilmente relembrar que a cada ano o Mais Educação desenvolve um tipo de temática ligada a uma dessas matrizes.
Já foram realizadas viagens imaginárias por diversas partes do país e do restante do planeta com as quais buscou-se (re)produzir hábitos e conhecimentos próprios de cada uma delas e promover experiências de ser criança nas condições de vida desses povos.
Sob essa lógica, as crianças não só aprendem sobre a cultura de um povo, mas a experimentam, colocando-se em outros lugares e posições que lhes permitem
enxergar a realidade de variados pontos-de-vista, princípio fundamental da solidariedade e da pluralidade do diálogo.
Como se chegou às Áfricas?
Importante ressaltar que não existe uma única África. O continente é vasto e nele coexistem muitas Áfricas. Essa primeira e importante constatação foi profundamente consolidada na frequência à disciplina “História da Arte Africana” do Programa de Pós-Graduação do Curso Interunidades: Estética e História da Arte, oferecido pela Escola de Comunicação e Artes da USP, no primeiro semestre de 2018.
O curso ministrado por importantes estudiosos do assunto e coordenado pela profa. dra. Denise Dias Barros nos levou a importantes leituras e reflexões sobre as artes africanas na contemporaneidade. Filósofos e artistas africanos foram lidos, estudados e debatidos semanalmente de onde extraímos a constatação de que a África é um universo complexo e pouquíssimo conhecido, antes de tudo por nós, que temos grande parte de nossa população originária de diferentes partes do continente africano.
A viagem não se deu apenas no plano intelectual. Foram várias as visitas a exposições de artes visuais, de fotografia, filmes e obras musicais e outros materiais como vestimentas, joias etc.
Outro ponto importante a ser relembrando, portanto, é que as pessoas responsáveis pelas formações do Projeto Mais Educação estudam, pesquisam e se formam nessa cadeia infinita de produção de conhecimentos que não se esgota na escola e nem na formação inicial dos docentes.
No início do segundo semestre, depois de longa preparação, demos início ao trabalho de formação dos professores do Projeto Mais Educação. Abrimos os trabalhos com uma palestra da Profa. Ma. Maria Ester Lopes Moreira, historiadora da cultura e diretora da FUNARTE, que esclareceu diversos aspectos relativos à implantação da lei e aos modos como essa determinação estatal deve ser encarada: não se trata de cumprir a lei, tão somente, trata-se de reconhecer que a lei responde uma anseio secular de valorização dos povos africanos, os quais, infelizmente, foram profundamente desrespeitados e prejudicados por ação do preconceito racial que se espalhou da Europa para o restante do mundo.
Em um segundo momento, passamos a contar com as contribuições do cineasta e ator Henrique Zanoni que veio ensinar aos professores como trabalhar com filmagem e edição, visto que a viagem a ser feita pelas crianças inclui um grande trabalho de filmagem e gravações como se verá na exposição final.
Houve também uma série de visitas monitoradas pelo Prof. Dr. Cássio Másculo, historiador que se dedica ao levantamento histórico do patrimônio cultural e artístico que se encontra preservado nos espaços culturais, mas também na arquitetura e nos monumentos das cidades. Com sua orientação e preparo visitamos o Museu Afro-Brasil, o Instituto Tomie Othake, o MASP.
Mais recentemente, em parceria com a diretoria da FUNARTE, todas as crianças foram visitar a exposição lá realizada em companhia, inclusive de diretoria da FUNARTE, todas as crianças foram visitar a exposição lá realizada em companhia, inclusive de alguns pais.
Por fim, lançamos o projeto “Viagem às Áfricas” cujo conceito foi desenvolvido conjuntamente por Andreia dos Santos de Jesus e Maria Celeste de Souza. Para execução dos materiais que comporão a exposição final, no Centro de Vivência em Múltiplas Linguagens Raimunda Assunção dos Santos, localizado no Complexo Hospitalar Juquery, contamos com o apoio da artista plástica Lilian Soarez que está trabalhando juntamente com os professores que orientam seus alunos em termos da idealização e confecção de todos os materiais. E da professora e preparadora de atores Suia Legaspe.
Finalmente, vale ressaltar que todas as crianças inscritas no projeto participaram de uma sessão de trabalho na sala de informática, quarto andar do edifício da Secretaria da Educação, onde realizaram viagem virtual ao continente africano por meio da ferramenta Google Earth, servindo ainda de aplicativo específico ouviram as rádios locais. Essa viagem virtual e o ponto de partida para a pesquisa que cada grupo de alunos vem realizando a fim de trazer aos colegas de todas as escolas da rede municipal tudo o que aprenderam sobre a África e os africanos.
No evento final aconteceu um Seminário com importantes nomes (veja mini currículos abaixo) para discussão dos caminhos a serem trilhados para uma mais adequada inserção das questões africanas no currículo municipal de Franco da Rocha.
OSWALDO FAUSTINO é escritor e jornalista. Formado pelas Faculdades Integradas Alcântara Machado, atuou em rádio, TV, revistas e em vários jornais. Participou do Núcleo de Estudos Interdisciplinares Sobre o Negro Brasileiro/USP, e se dedica a investigar relações étnicoraciais. Integra a Cojira-Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo. No campo literário, foi colaborador fixo da revista Raça Brasil e desde as primeiras edições, há mais de 20 anos. Entre várias atividades em televisão, atuou na TV da Gente, de Netinho de Paula, onde viveu o personagem Tio Bah, um contador de histórias do programa infantil. É coautor – com Aroldo Macedo – dos livros: A Cor do Sucesso (Editora Gente, 1999), Luana, a Menina que Viu o Brasil Nenem (FTD, 2000), Luana e as Semente de Zumbi (FTD, 2004), Luana, Capoeira e Liberdade (FTD, 2009) e Luana e as Asas da Liberdade (FDT, 2010).
MARIA ESTER LOPES MOREIRA é mestre em História Social da Cultura pela PUC-RIO, integra o corpo docente do Curso de Pedagogia da FEDUC, além de ser Gestora Cultural e atuar Coordenadora da Representação Regional da Funarte em São Paulo. Em 2017, o site Vozes da Funarte SP que resultou de ampla pesquisa realizada em conjunto com Sharine Melo, acerca da História da Funarte SP, suas edificações e relevância na cena cultural.
SUIA LEGASPE é atriz, narradora, formada pela ECA/USP em Licenciatura e Interpretação, fundou a Cia. Dramática em Exercício em 1995. Trabalhou como atriz com importantes diretores e foi no Festival de Cinema Primeiro Plano de Juiz de Fora MG. Além de seu trabalho como atriz foi professora
de interpretação em diversas escolas como a Escola Wolf Maia, FAAP e a Theatron. Recentemente, faz preparação de atores e desenvolve projetos e formações para diversas instituições públicas e privadas.
HENRIQUE ZANONI é ator, dramaturgo, roteirista e professor de interpretação na Academia Internacional de Cinema – AIC. Protagonizou os longas-metragens: “HAMLET”, “Amador”, “Sinfonia de Um Homem Só” e “O
Dilema do Prisioneiro”. Também participou dos longas “Corpo Presente”, “Unidos do Livramento”. Em 2014, dirigiu seu primeiro curta-metragem “Brutalidade”. No teatro, é fundador da Cia dos Homens Infames. Suas
últimas peças foram: “A Vida dos Homens Infames”, “Pânico na Cidade”, “As Três Irmãs”, “Quase Nada”, “Felizes para Sempre”, “Nem Choro Nem Vela”, “Pouco Amor não É Amor”, “O Homem Ajuda o Homem”.
LILIAN SOAREZ formou-se em Comunicação das Artes do Corpo na PUC-SP e atua em diversos projetos artísticos de instituições públicas e privadas, realizando formações e oficinas em aproxima técnicas e linguagens variadas em que aproxima o fazer da linguagem poética Lilian tem 15 anos de experiência como oficineira e presta serviços em várias instituições.
CÁSSIO MÁSCULO é doutor em Educação: História, Política, Sociedade, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008); Mestre em Educação, opção Didática, Teorias de Ensino e Práticas Escolares pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (2002); Bacharel em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciência Humanas da USP (1995); Licenciado em História pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (1995). Foi professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie de 2005 a 2017, lecionando História da Educação, Fundamentos e Metodologia do Ensino de História e Geografia, Fundamentos da Educação e Didática. Foi também professor de Didática e Prática de Ensino de História nas Faculdades de Guarulhos de 2001 a 2004, de História na Escola de Aplicação da FEUSP de 1997 a 2006 e da rede pública e privada de 1993 a 1997. Atualmente é tutor EAD na Universidade Virtual do Estado de São Paulo.